domingo, 6 de março de 2011

HUMBERTO TEIXEIRA BIOGRAFIA

Postado por Ivan Maurício em 25/05/2007 19:25

LUIZ GONZAGA (3)

60 ANOS DE "ASA BRANCA"

Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Asa Branca, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (1947)


Um belo dia, o compositor cearense Humberto Teixeira estava no seu escritório de advocacia, na Avenida Calógeras, no Centro do Rio de Janeiro, quando o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga o procurou pela primeira vez. Naquela tarde, das quatro horas até meia-noite, os dois discutiram o lançamento da música nordestina no Sudeste, o Baião, e compuseram os primeiros versos daquele que se tornaria o maior sucesso da dupla: Asa Branca. Só dois anos depois, em 3 de março de 1947, a música, que não é baião, mas uma toada, foi gravada pela RCA com o conjunto de Canhoto e lançada em maio daquele ano num disco de 78 RPM com a composição Vou Pra Roça.


No estúdio de gravação, o Rei e o Doutor do Baião tiveram de ouvir uma porção de caçoadas. "Mas, puxa, vocês depois de um negócio desses, de sucessos, vêm cantar moda de igreja, de cego, aqui? Que troço horrível!", diziam os músicos do conjunto. "Mal sabiam eles que nós estávamos gravando ali uma das páginas mais maravilhosas da música brasileira", relatou Humberto Teixeira, em entrevista para o pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, em 1977, publicada no O POVO, em 1994 e em 2000. Eleita pela Academia Brasileira de Letras em 1997 como a segunda canção brasileira mais marcante do século XX, empatada com Carinhoso, o choro que Pixinguinha compôs em 1917, e seguida apenas de Aquarela do Brasil, composta por Ari Barroso em 1939, Asa Branca completa aniversário de 60 anos e ganha homenagem no Espaço Cultural Kukukaya.


A exposição comemorativa, elaborada pelo pesquisador pernambucano radicado no Ceará Paulo Vanderlei Tomaz, reúne todas as capas de álbuns de Luiz Gonzaga, incluindo o disco de cera original da primeira gravação do clássico, fotos, documentos e objetos pessoais de Humberto Teixeira, além de filmes e documentários dos anos 40 e 50, como É com este que eu vou (1948) e E o Mundo Se Diverte (1956), com imagens do velho Lua dançando xaxado. Além da exposição, o evento conta com a participação da filha de Humberto Teixeira, a atriz Denise Dummont, radicada em Nova York, que vai falar do documentário O Homem que Engarrafava Nuvens, produzido por ela e dirigido por Lírio Ferreira, sobre a vida e obra do compositor cearense. Também haverá show do sobrinho de Luiz Gonzaga, Joquinha Gonzaga, e do ator e humorista João Cláudio, considerado um dos melhores imitadores do Rei do Baião.


A epopéia nordestina, segundo catalogação feita pelo pesquisador Paulo Thomaz, que há 18 anos coleciona material sobre Luiz Gonzaga, ganhou pelo menos 380 regravações nacionais e internacionais ao longo dessas seis décadas. "Certamente deve haver mais de 400", calcula o pesquisador. "Eu acho que para o Norte e Nordeste do Brasil essa é a música mais importante que já foi feita. Se o Nordeste fosse um país, Asa Branca seria com certeza o hino", acredita. O pesquisador, que ainda criança conheceu de perto Luiz Gonzaga, em Exu, Pernambuco, terra natal do músico, é dono do site Luiz "Lua" Gonzaga (luizluagonzaga.com.br), que reúne discos, vídeos, fotos, biografia, entrevistas e uma seção curiosa chamada "Causos do Rei", onde fãs e amigos contam histórias, pontuando a personalidade forte de "cabra macho", mas sempre com um jeitão muito amigo e afetuoso.


Para o pesquisador Nirez, o motivo de tanto sucesso para Asa Branca tem, entre outras explicações, o modismo em torno da música de origem sertaneja, que havia tido momentos de pico em 1922, com o conjunto Turunas Pernambucanos, e em 1928, com Turunas da Mauricéia, e foi retomado nos anos 1940. (...)


"O Povo", 25/5/2007:

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